sábado, 28 de agosto de 2010

Enfim, adeus Vichy! Paris, ai vamos nós!

Eis a última foto dos brasileiros do Cavilam reunidos: (É mais gente do que eu pensava!)






Desde terça, dia do último post, aconteceram algumas coisas que valem a pena serem mencionadas.
Fiquei doente na quarta, pela primeira vez no ano (e espero que última). Cheguei do Cavilam à tarde, dormi e só fui acordar no meio da madrugada.
No outro dia, quinta, faltei o Cavilam, e passei o dia fazendo "nada" em casa.
Peguei muita música boa. Tenho ouvido uns jazz mais experimentais, e voltei a pegar coisa nova de música eletrônica. Recomendo bastante o cd novo do Ital, e as tracks do Manmachine!

Sexta fui à estação me despedir do pessoal que vai para Lille e depois fui ao Cavilam e assisti um filme relativamente legal (Tanguy, uma comédia trivial, mas menos apelativa que o convencional. Era a história de um filho que não queria sair de casa de jeito nenhum, e os pais já estavam loucos). É legal entender filmes em francês. Ainda não é 100%, mas já dá pra se virar. Peguei meu diploma, e tive uma agradável surpresa: Só 11 horas de falta, que são equivalentes à 3 dias. Piada, porque eu faltei muito mais do que isso, mas não vou reclamar de jeito nenhum.
Depois disso, almocei no restaurante com o pessoal, e fui tomar uma cerveja com uma parte da galera. Nunca pensei que ia fazer isso, mas compramos a cerveja natural, do jeito que estava na estante, e bebemos. Que costume ruim, não? Fiquei com tanta saudade do Brasil, que comprei duas Heinekens e coloquei no freezer quando cheguei em casa.

Ao chegar em casa, tirei um cochilo, e acordei com o pessoal me chamando para o jantar.
Quando desci, as cervejas que eu tinha comprado já estava sendo servidas no meu copo, e uma tábua de petiscos bem variada estava na mesa.
Conversamos por horas, ouvindo um cd de jazz da Mme. Chapuis. Muito bom, por sinal.
Na hora do jantar, um espetáculo. Ratatouille (que é uma sopa de legumes quase indispensável nas refeições dos franceses) e Filet ao molho de champignons.
Achei muito atencioso da parte deles servirem o vinho "Juliénas", que é meu vinho tinto favorito, entre os que eu tenho condição de comprar (kkk).
Se esse foi o penúltimo jantar, não quero nem imaginar como vai ser hoje, sábado.

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Seria muito arrogante da minha parte dizer que eu nunca mais vou voltar aqui, pois eu já aprendi na marra que o mundo dá muitas voltas, mas acho que cabe dizer que, hoje, não tenho vontade nenhuma que isso aconteça. Vou para Paris amanhã, e algo me diz que lá a vida, embora com menos regalias, vai ser mais próxima do padrão que eu gosto.

No geral, fui um cara de muita sorte, apesar de ter passado por mals momentos nesses dois meses.

A família que me recebeu é realmente fantástica. A paciência deles em nos ajudar à aprender sobre a cultura francesa (idioma, culinária, costumes, etiqueta, etc..) é incrível. Fora que a comida é maravilhosa, a casa é um espetáculo e eu tinha tudo. Piscina, roupa lavada e passada, internet sem fio muito rápida e carona com eles toda hora para todo lugar. Como nem tudo é perfeito, a única coisa da qual eu posso me queixar, é de ter abdicado de algumas saidas pela distância, e por não querer incomodá-los durante a madrugada.
Isso sem falar no chinês, o "Roy", que, apesar das divergências culturais, que não são poucas, se tornou um grande amigo. Não é o cara que eu vá chamar para "faire la fête" (farrear), mas é um cara com quem eu posso contar.

O Cavilam, apesar de ter alguns professores ruins e ter a internet mais lenta do mundo, tem também bons professores e uma estrutura excelente. Há quem reclame, mas achei o restaurante universitário fantástico. Quem me conhece sabe que eu não comia no RU da UFC nunca. Não por arrogância, ou coisa do tipo. Era o ambiente que me fazia mal.
A última professora que eu tive pela manhã, a Florence, foi sem dúvidas umas das pessoas mais antenciosas que eu já conheci. Sou muito grato à ela.

Sobre Vichy, já não tenho tantas coisas boas à dizer.
É incrível como uma cidade de vinte mil habitantes, com sessenta mil ao todo, se contarmos as regiões vizinhas (como a que eu moro), tem uma estrutura de comércio tão decente. Para compras, até que existem muitas opções. Tem até loja de instrumento musical! Quanto à isso, não dá para reclamar.
O problema vem quando chega a noite. A cidade, no geral, tem muita gente velha.
As opções da noite são o Flamingo, uma boate que, segundo relatos, é lamentável; o Tahiti Plage, que é um bar até legal, pois fica na beira do rio, mas tem um atendimento desprezível; o Lord's, que é o bar onde rola o happy hour do Cavilam na segunda e que tem os preços mais abusivos da história, sem falar no espaço, que é minúsculo; o Sporting, onde acontece a soirée do Cavilam, que é a festinha mais tosca do mundo (som de festa de aniversário, terminando 2 da manhã) e o L'Academie, que é um bar decente de verdade, mas que é MUITO caro. Enfim, se quer uma noite legal, passe longe de Vichy.
Quanto ao papo de ser uma cidadezinha pequena e segura, é uma meia verdade. Várias meninas foram abordadas durante a noite por caras no meio da rua, e eu mesmo, na volta de uma soirée, fui abordado. Não existem armas, como no Brasil, e correr (ou até enfrentar) é sempre uma opção, mas não deixa de ser inseguro. Semana passada mesmo nós fomos tirar satisfação com um cara que mexia com todas as velhas no meio da rua. Não consegui me segurar, e botei o cara para correr. Quem me conhece sabe que eu nunca fui de arrumar confusão, mas não consigo ver essas coisas parado.

Já que minha vida social não foi das mais intensas, como eu fiz sempre questão de manter, tem que existir algo de positivo, e existe. O aprendizado foi fantástico.
Quando eu cheguei, não sabia absolutamente NADA de francês. Fiz um semestre da Aliança Francesa, mas fazia muito tempo, e era sábado de manhã.
Hoje em dia, consigo conversar sobre quase qualquer assunto em francês, e já tenho um conhecimento razoável da estrutura da lingua. Falta mesmo é vocabulário, mas tenho lido bastante para melhorar isso. No momento, leio "O Conde de Monte Cristo". É realmente muito difícil, mas vai dar um "up" considerável no meu francês quando eu terminar.
Aprendi muito também sobre a cultura. Já tenho meus vinhos e queijos favoritos, me adaptei à alguns costumes franceses, sei algumas coisas sobre a revolução francesa (que não se aprendem no colégio, no Brasil) e dismistifiquei alguns boatos que correm no Brasil sobre os franceses.

Apesar de tudo, foi bom.
Fora todo o enriquecimento cutlural, fiz três viagens fantásticas, passando por três países (a primeira para Grenoble/Annecy, a segunda para Roma e a terceira para Annecy/Chamonix/Genebra), e isso foi fundamental para segurar a barra por aqui.
Vivi momentos de muita tristeza e saudade. A má relação com alguns brasileiros no começo colaborou um pouco para isso, pois senti muita falta de pegar o celular na sexta-feira e chamar meus amigos para tomar uma cerveja. No fim das contas, são águas passadas (assim espero).
Tenho saudade da minha namorada, da minha familia, dos meus amigos, do meu carro, do meu quarto, da Narcisa (e como tenho!) e de toda a minha rotina no Brasil, mas nada (NADA) do que eu aprendi aqui, eu poderia aprender lá.
Cada escolha, uma renúncia. E é pensando nisso que eu busco crescer o máximo possível aqui, independente da saudade.

Domingo, amanhã, começa uma nova fase da minha vida.
Espero que tudo aquilo pelo qual eu prezo sobreviva à essa mudança, e que toda e qualquer nova experiência venha para acrescentar, e não subtrair.

E agora vou começar com a as malas, porque já tá mais do que na hora.

Até Paris! :)

4 comentários:

  1. muita saudade de você tbm! ansiosa pra que chegue dezembro! ehaoi. beijo, se cuida.

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  2. agora sim vai começar esse duplo-diploma! :D
    abração

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  3. Cara, só em falar em cerveja natural já me deu enxaqueca. Paracetamooool!!!
    Eu já lhe falei anteriormente mas vou repetir depois de ler o seu blog de hoje: VOCÊ ESTÁ COMEÇANDO E NÃO TERMINANDO! Cheer up my friend and SON!

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  4. Querido Gugu, chegamos ontem à noite da Escandinávia. Foi uma viagem linda! Lamentamos que tenha demorado muito pra chegar lá...o tempo já nos atrapalha!(rsrsrs).
    Alegra-nos ver o seu desempenho...determinação, desde sempre foi marcante em seu excelente caráter. Agora..."vencer ou vencer"...L'École Centrale lhe aguarda em Paris...esta é a ordem das coisas.Deus lhe abençôe, sempre! Saudades, Vó

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